quarta-feira, 13 de julho de 2016

E, quando eu percebi, já estava assim: cheia de nada, com o vazio transbordando dos olhos e o peito apertado de ausência.
"Nunca embarcou, sempre viveu em Maceió, mas tem o espírito cheio de barcos." 
(Angustia - Graciliano Ramos)

domingo, 5 de junho de 2016

Coração ansioso

Coração ansioso não vive no presente,
Coração ansioso fica ali,
Espremido, no leva e traz
Do passado e do futuro...
Coração ansioso acha que manda,
Que manda até na vontade do outro...
Coração ansioso sente,
Sente muito...
Coração ansioso não sossega
E nem respira fundo.
Coração ansioso não é prosa,
É poesia!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Conviver é compaixão.

Ao meu papai

   Lembro-me muito bem daquele dia, era mais um daqueles... O senhor chegou devagar, sem acender a luz, sentou-se na beiradinha da minha cama e começou a conversar comigo, era pra ser mais uma das tantas outras conversas que eu já tinha ouvido naquele dia, acontece que não foi... Logo notei o tom trêmulo daquela voz que, para mim, sempre foi tão firme... Foi a primeira vez que te vi chorar e foi também a primeira vez que eu quis recomeçar. Eu percebi que não era só sobre mim, há seis anos, as noites eram longas e tinham um gosto salgado e sujo de lágrimas...

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Uma vez eu li num livro da Lya Luft que viver era o mesmo que subir uma escada rolante pelo lado contrário, achei uma boa definição, mas acho que tenho outra: Lembra daquela historinha de que é impossível desenhar um quadrado com um X dentro dele sem tirar o lápis do papel e sem passar duas vezes pelo mesmo risco? Pois bem, quando eu era criança ouvi alguém falar sobre isso e, desde então, nunca parei de tentar... Se eu consegui? Logicamente que não, entretanto ainda continuo tentando, é meio que automático, não posso ficar sozinha que começo a matutar na tal empreitada... E, pra mim, a vida é meio que isso: essa eterna tentativa burra de por o tal X no meio do tal quadrado, sendo que o fato de não poder tirar o lápis da folha significa que, na vida, a gente não pode parar nunca, não temos intervalos, e o não poder passar duas vezes sobre o mesmo traço quer dizer que não tem como voltar atrás, o feito está, obviamente, feito. É evidente que até então não descobri nada de novo, todo mundo já sabe disso, mas mesmo assim a gente continua tentando fingir que não sabe.

sábado, 27 de julho de 2013


Não há saudade que ensine o que se aprende com a mágoa. 

foto: Olavo Martins
http://www.flickr.com/photos/olavomartins